quarta-feira, 22 de maio de 2013

MILHÃ : Continua a dependência de carro-pipa na zona rural e urbana

Milhã. As chuvas registradas nos primeiros dias de maio na região Centro do Estado estão começando a aliviar o sofrimento de centenas de moradores de Milhã, também conhecida como "Terra do Leite". Conforme o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município, situado a 301 km de Fortaleza, cerca de 50% das cisternas de placa, com capacidade para 14 mil litros cada, estão cheias. O restante, onde as precipitações não atingiram 100mm nas últimas semanas, também estão com bom volume, sendo que boa parte já acumula quase 50% de água. Moradores do Sertão Central vivem realidades diferentes. Alguns utilizam até biqueiras improvisadas, nos varais de roupas, para captar a água, enquanto outros necessitam dos carros-pipa FOTO: ALEX PIMENTEL Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Milhã, Mairton Batista, atualmente 1.500 cisternas de placa atendem às famílias da zona rural. Mesmo assim, continua havendo a necessidade do abastecimento dos carros-pipa. Em algumas regiões as chuvas ainda não foram suficientes para acumular água. Sem o apoio da operação emergencial não poderão saciar a sede. Apesar da expectativa da continuidade das chuvas, precisam da água distribuída pelos caminhões. Há também preocupação quanto à qualidade da água. O monitoramento é realizado constantemente. Água Os moradores da comunidade de Vista Alegre, situada na periferia da cidade, não precisarão se preocupar com esse problema pelos próximos meses. Os 14 reservatórios de concreto construídos através do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) estão cheios. Depois de muito sofrimento nos últimos dez meses, agora têm água boa, comemora a moradora Francisca Zilmar dos Santos. Até recentemente ela e os dois filhos aguardavam com aflição a chegada do carro-pipa. Agora não tem mais preocupação. Água para beber e para cozinhar não falta. Mesmo assim só utilizam o necessário. Uma realidade bem diferente vive os moradores do Bairro de Fátima, há pouco mais de um quilometro do Centro da cidade. Alguns utilizam até biqueiras improvisadas, nos varais de roupas, para captar a água da chuva. É o caso da dona de casa Solange Maria da Silva. Ela mora com mais três filhos, menores, por esse motivo qualquer respingo é valioso numa hora dessas. Como possui apenas duas caixas d´água, de 500 litros cada, a água acaba logo. "Quem chegar primeiro, o carro-pipa, ou a chuva, é sempre bem-vindo. Apesar da área residencial possuir rede de abastecimento tubulada a água não chega na torneira", desabafa a moradora. O comerciante Simônio Pinheiro também enfrenta o mesmo drama. Nos últimos dias a água começou a chegar na rede de tubulação da lanchonete dele com mais frequência, todavia, o abastecimento não está normalizado. Como o manancial de abastecimento da cidade, o Açude Jatobá ainda continua seco, a alternativa está sendo o Genipapeiro, no distrito de Betânia, na zona rural do município de Deputado Irapuan Pinheiro, a 18Km de distância. Antes da estiagem gastava em média R$ 30,00 com a conta de água. Hoje está sendo obrigado a desembolsar até R$ 300,00 para ter água no seu pequeno estabelecimento, confirme informou. A superintendente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Milhã, Cleovania Pinheiro, reconhece o problema e entende a insatisfação da população urbana. Ela espera começar a normalizar o abastecimento de água nos próximos 30 dias, período estimado para conclusão dos serviços de restauração da adutora do Açude Patu, em Senador Pompeu, de onde será feito o bombeamento de água para o SAAE de seu Município. Caminhões A cidade possui 2.650 ligações, e apesar do esforço, não está sendo possível atender a todos. Por enquanto, a principal alternativa é contar com os caminhões tanque com capacidade para 30 mil litros. Estão transportando mais de 900 mil litros por dia, mas a demanda não está sendo suficiente para atender os consumidores locais. A Defesa Civil está custeando as despesas com as pipas truncadas no suporte ao SAAE e a Companhia de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (Cogerh) adiou as cobranças da administração anterior. A respeito da qualidade da água distribuída à população urbana, a titular do Saae municipal explicou não ter como realizar o tratamento adequado. Como medida paliativa pastilhas de cloro estão sendo despejadas dentro da caixa coletora de água, de onde é feito o bombeamento para as unidades residenciais, comerciais e estabelecimentos públicos. Ela recomenda ferver a água se for utilizada para consumo humano. Com as medidas preventivas, o uso do recursos ficará mais seguro. ENQUETE Como as chuvas ajudaram sua comunidade? "Quando a água começa a chegar na boquinha da cisterna a gente começa a sorrir, afinal é a forma de se contar com água para alguns meses, pelo menos assegura o produto para beber" Francisca Zilnar dos Santos Dona de casa "Por enquanto não temos muito a comemorar a não ser o alívio dos vizinhos que possuem cisternas. O fato é que vamos continuar dependentes do serviço oferecido pelos carros-pipa" Simônio Pinheiro Comerciante Mais informações SAAE de Milhã Telefone: (88) 9680.2206 Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Milhã Telefone: (88) 3529-1151 ALEX PIMENTEL COLABORADOR

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